segunda-feira, 1 de junho de 2015

Para Afugentar Muriçoca



Meu amigo que está lendo
Não  sou de fazer fofoca
Mas eu sei de uma receita
Pra espantar muriçoca
Quem me deu foi Marieta
Que chegou de Maçaroca

De posse de uma taboca
Na hora que for dormir
Bote embaixo da cama
Deite e vá se cobrir
Ela reconhece a trama
E trata logo de 

Assim fez a Magali
E obteve resultado
E retirou a taboca
Cheinha de lado a lado
Só não entrou a muriçoca
Que já tinha viajado

Já o amigo Edivaldo
Trata delas diferente
Boa noite e sentinela
Sempre lhes dá de presente
Abre todas as janelas
E elas fogem bem contente

Meu vizinho Zé Vicente
Já as tratam com cuidado
Veio da roça certo dia
Trazendo um saco amarrado
Adivinhe o que havia
Era estrume de gado

Eu fiquei encabulado
E comecei a sorrir
Ele disse qual a graça?
Sabe pra quê isso aqui?
Vai pro fogo e com a fumaça
Elas tratam de fugir

O camarada Didi
Ele que é bem seguro
Se põe a catar mulambo
Ali perto do Monturo
Sem dormir já anda bambo
Faz um fogo no escuro

Assim mesmo sem futuro
Diz que isso é uma desgraça
E queimando aquilo tudo
Se transforma em fumaça
A danada diz “me mudo!”
Enquanto a fumaça passa

E a Maria das Graças
Ostentando o seu dinheiro
Liga o ar-condicionado
Coloca o mosquiteiro
De ventilador ligado
Acaba seu desespero

Mas gastou no mês inteiro
O que no ano eu gastaria
A Coelba a multou
Por consumo de energia
E quando a conta chegou
A muriçoca só ria

Eu não sei o que eu faria
Se eu fosse presidente
Quem sabe eu criaria
Uma bolsa-repelente
Assim eu garantiria
Mais sossego pra essa gente

Encerrando aqui contente
Essa nossa boa troca
O poeta Ismael
Vai fechar a sua oca
Pois poeta de cordel
Também teme muriçoca 



Autor Ismael Guedes Pereira