segunda-feira, 23 de novembro de 2020

PEÇA TEATRAL CHAPEUZINHO VERMELHO

 

 

Peça Teatral

Chapeuzinho Vermelho

Curso Livre de  Teatro Infantil

 

ADAPTAÇÃO: MÁRIO SILVA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Personagens

Personagens

01-Dona Chapelão- 

02-Caçador-

03-Chapeuzinho-

04-Coelha 1-

05- Anjo-

06- Vovozinha- 

07-   Lobo Mau-

08- Limoeiro - 

09-  Jaqueira-

10- Mangueira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1ª CENA

Cenário

(Uma casinha tendo ao fundo uma floresta, a casinha   deve ter   telhado porta e janela tudo em tamanho pequeno.)

Anjo - ( Gritando)Tem alguém em casa? Tem alguém  em  casa ?

Anjo- (A parte para plateia) Será que ela saiu? Preciso falar com Dona Chapelão Urgente!

Anjo- (Grita novamente) Dona Chapelão! Dona Chapelão!

Dona Chapelão ( Com máscara)- Que zoada é  essa ?   Pare de gritar!   Eu não sou surda!  Esta incomodando toda a vizinhança.  O que você quer menino?

Anjo- É que...

Dona Chapelão- Fale logo menino!  Tenho muito que fazer!

Anjo- É que...

Dona Chapelão- Se não vai falar nada! Me dê licença que estou terminado um bolo para levar para mamãe.

Anjo- Trago noticias da vovozinha!!A senhora não está me conhecendo? Sou eu que cuido da vovozinha e venho lhe contar.

 Dona Chapelão ( Nervosa quase chorando)-  Meu Deus!!!  O que aconteceu com a vovozinha? Fale logo!

Anjo- ( Nervoso)  Estou com sede, me dê um copo d’água.

Dona Chapelão- ( Aflita ) Antes de beber a água higienize as mãos com álcool gel. Pronto beba a água. Agora está mais calmo?

Anjo- Estou.

Dona Chapelão- Agora me conte tudo, não me esconda nada!

Anjo- Eu vim lhe falar duas coisas mas esqueci da primeira, então vou falar a segunda, estou muito preocupado com  a vovozinha, ela está muito teimosa e não  quer usar a máscara,  como a senhora sabe, ela é do grupo de risco e tem muita gente morrendo no mundo por causa do casos do Coronavírus.

Anjo- Eu vim lhe avisar que estou muito preocupado com a vovozinha, ela está muito teimosa e não  quer usar a máscara,  como a senhora sabe, ela é do grupo de risco e tem muita gente morrendo no mundo por causa do casos do Coronavírus.

Dona Chapelão- Meu Jesus!  O senhor pode me explicar porque está sem máscara?

Anjo- Me desculpe! Estou muito preocupado... está na hora da vovozinha tomar o remédio da pressão!

Dona Chapelão-( Entra em casa e entrega uma máscara ao anjo)  Antes de dar os remédios da vovozinha lavem bem as  mãos com água e sabão e não esqueça de colocar máscara.

Anjo- Fique tranquila!  Uso álcool gel em tudo.  Fui  !!!!!! A vovozinha mandou dizer que está com saudade de Chapeuzinho Vermelho.

Dona Chapelão- Eiii...Volte aqui...Você não falou o que era a primeira coisa que veio me falar.

Anjo- Ô senhor, eu esqueci, acho que estou com sequelas do Coronavírus....Mas eu acho que não era nada demais, até logo!!!

 Dona Chapelão – Está bom então, se cuide, vou mandar a Chapeuzinho levar umas máscaras para a vovozinha mas tomando todos os cuidados possíveis. Muito obrigada!!!

Dona Chapelão (Gritando) - Vou   mandar Chapeuzinho Vermelho visitá-la e levar mais algumas máscaras.

Mãe-(Chamando Chapeuzinho Vermelho) Chapeuzinho Vermelho! Chapeuzinho Vermelho!(vai procurando a filha até sumir do palco)

Chapeuzinho- Quem está me chamando! Mamãe? Para onde ela foi?

Mãe-(Entra pelo proscênio à direita) Onde será que a Chapeuzinho Vermelho se meteu?(Chapeuzinho chega bem devagarinho e dar um susto na mãe.)

Mãe- Meu Deus ! O lobo mau!

Chapeuzinho- Que nada sou eu mamãe!

Mãe- Isto não é coisa que se faça minha filha você quase me matou do  coração!  Não escutou  eu lhe chamar? Você estava aonde?

Chapeuzinho-Eu… estava  no  fundo do quintal…brincando com os   passarinhos, plantinhas e os coelhinhos…

Mãe- Enquanto a sua mãe arrumava a casa, sozinha né!

Chapeuzinho-Desculpe,  mamãe…eu vou varrer agora mesmo.

Mãe- Nada disso. Você agora vai até a casa da vovó ver como ela está. Assim que o bolo de tapioca estiver pronto para levar .

Chapeuzinho- Que aconteceu à vovozinha, mamãe ela pegou o Coronavírus?

Mãe- Graças a Deus não! Quando você chegar lá mantenha o distanciamento social, lembre-se  as crianças são assintomáticas, não pode abraçar nem beijar a vovó.

Chapeuzinho Vermelho- Pode deixar mamãe! Por que a vovó não vem morar com a gente?

Mãe- Por que ela gosta da casinha dela e mora lá há muitos anos e além do mais tem um anjinho que toma conta dela.

Coelha- A senhora viu meu marido?

Mãe- Quem?

Coelha- O Coelho.

Mãe-Não.

Coelha- Obrigada, estou  com pressa…

Mãe-Quem é a senhora?

Coelha- Sou a coelha procurando o coelho. Será que o lobo comeu meu marido? Meu Deus!( Sai apressada.)

Chapeuzinho- (Rindo) Coitada! Está nervosa  à toa. Então não sabe que o lobo   mau está no Jardim Zoológico?

Mãe- (Saindo de casa) Pronto, minha filha; aqui está a cestinha com frutas, biscoitos, doce de banana, requeijão e rapadura. Além das máscaras e o alccol em gel, separados nessa sacolinha. O sol porá em breve, e o caminho quando está escuro é muito difícil e perigoso. (Ajeita a filha.)

Chapeuzinho- Mamãe, vou  dormir hoje com a vovó?

Mãe- Vai sim. E amanhã  cedinho eu estarei lá,  levarei o bolo de tapioca que ela tanto gosta, porque não vai ficar pronto a tempo.

Chapeuzinho- Adeus, mamãe…

Mãe- Espere,  minha filha. Você sabe mesmo o caminho da floresta?

Chapeuzinho- Sei,  mamãe.

Mãe- E você promete ir direitinho sem conversar com ninguém?

Chapeuzinho- Prometo,  mamãe.

Mãe- E se você encontrar um esquilo?

Chapeuzinho- Eu saio atrás dele, mamãe.

Mãe- Mas e se ele for por um caminho que você não conhece?

Chapeuzinho- Eu digo até logo… e volto.

Mãe- Ainda bem. Então vá direitinho, sem conversar e tocar na mão de ninguém, ninguém viu?

Chapeuzinho- Não converso não, mamãe… mas …

Mãe- Mas o quê?

Chapeuzinho- Se eu encontrar…

Mãe- E se você encontrar o lobo mau?

Chapeuzinho- Ora, mamãe!...O lobo Mau  não   faz medo a ninguém,  ele está preso no Jardim Zoológico.

 Mãe - É verdade. Mas mesmo assim tenha cuidado, vá direitinho e não converse com ninguém. Pois a Pandemia do Coronavírus dominou o mundo.

Chapeuzinho- Mamãe qual é mais perigoso o Lobo Mau ou o Coronavírus?

Mãe – ( Severa) Chega de conversa vá logo e não converse com ninguém e tome cuidado.

Chapeuzinho- Está bem,  mamãe… Eu não converso com ninguém…(Sai.)

Caçador- (Chegando aflitíssimos) Ó de casa! Ó de casa!

Mãe- Olá senhor caçador o que procuram por aqui? ( Com o vidro de álcool em gel)

Caçador – Estou muito aflito.

Mãe-  Por que?

Caçador - O Lobo Mau fugiu do Jardim Zoológico!

Mãe- Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus! ( Desesperada)

Caçadores- Não tenha medo! Vou pegá-lo! Com o caçador da floresta ninguém pode!

Mãe- Mas ela vai atravessar a floresta sozinha!

Caçador - Que perigo!

Caçador  - por  esta eu não esperava…(Sai)

Mãe- Me  esperem …. me  esperem… ( Torna a voltar. para)  O bolo de tapioca!

 

 

 

Segunda Cena

( Escurece  a cena. Enquanto  é retirada  a casa do cenário as árvores tomam suas posições. Esta cena se passa no proscênio; surge a coelha muito aflita e pergunta  à platéia)

Coelha- Alguém viu por aí  o meu marido, o coelho? Ninguém?... Meu Deus!  Preciso achar o coelho meu marido. Você viu o meu marido coelho por ai?

Anjo- Não  vi  ninguém dona coelha...Já passou da hora do remédio ... deixei    a vovozinha sozinha, coitada... Ah! Como é difícil ser anjo...  O remédio... O remédio...

Caçador- (Com a mão na testa farejando o horizonte, ao toque do tambor) Não  vejo nada, nem consigo sentir o cheiro do lobo mau por causa das sequelas do Coronavirus, fiquei sem olfato. Mas o meu instinto me diz que ele está perto, já estava cansado de tomar  conta desta floresta onde não acontecia nada. Chegou a hora ser herói. Estou em forma. Estou aflito também. (Saí ao som de tambor) Vou defender minha floresta. Vou ser um herói!

Mãe - Sr.   Caçador ...Sr. Caçador  me  espera...minha filhinha está em perigo...(Saí.)

( Ouve-se  uma risada na plateia e surge o lobo levando uma maleta de viagem escrito “Jardim Zoológico”. Sobe o   proscênio.)

Lobo- Cheguei! Cheguei a minha  floresta ! E todos já estão com medo! Vocês  viram a prosa do caçador?  Faroleiro! Pensou que podia me deixar preso no Jardim zoológico... Meu lugar é aqui na floresta. Esta floresta é minha! ( A  cortina [se houver] se abre e aparece a floresta cheia de árvores humanas, estáticas.)

Arvores- Oh!

Lobo - Quem manda nela sou eu... (Corre pela floresta )Vou descansar um pouco da viagem(senta-se na malinha), e vou  começar a agir...Preciso preparar um jantar  bem gostoso...depois daquela gororoba do Jardim Zoológico, meu estomago esta precisando de uma...(passa a coelha aflita, olha  para todos os lados , para suspira forte e sai)...uma coelha frita com legumes...Ah! Ah! Ah! ( Sai. As  conversam uma com as outras como se  fossem comadres.)  

1ª Árvore - O lobo voltou!

  Árvore - O lobo voltou!

2ª e 3 ª   É ele!

  Árvore - O lobo voltou!

 Troncos-  É ele!

2ª Árvore-  ( Voz bem fininha sempre)  O lobo voltou!(Ouve-se o cantar dos passarinhos como se  estivessem fugindo. Ás árvores olham para cima...)

  Árvore -     Lá se foi...

  Árvore - Lá se foi...

3 ª  Árvore- Lá se foi....

Todas- A paz da nossa floresta..

1ª Árvore-  E agora?

  Árvore- Ninguém mais vem passear no bosque...

 1ª Árvore – Ninguém mais vem tomar sombra  debaixo de mim.

3ª Árvore- Minhas   jacas...minhas jacas...vão apodrecer  nos galhos.

2ª Árvore-Tudo  porque...

 Todas- O lobo voltou!

(Deixam seus lugares e duas a duas  começam a se lamuriar  e a  chorar.)

3ª Árvore-  Eu disse que ele voltava!

Todas voltam ás suas posições olhando  para Tinoco que entra  cantando, seguido da coelha.)

 Coelha- (Desesperada) Ninguém  viu o coelho meu marido?

Caçador- O lobo fugiu...  espera que eu te pego, vou colocar as minhas luvas para evitar o contágio do coronavirus...chegou a hora de ser herói!

(Ás árvores agitam as mãos quando passa o caçador e se curvam  triste quando passa a mãe.)

Mãe – O lobo fugiu...Minha filhinha...Minha filhinha  sozinha.

    Árvore- Todos estão fugindo1             

   Árvore- Fugindo assustados!      

3 ª  Árvore– Fugindo....

Todas - Do lobo Mau!  (Ouve – se o Chapeuzinho Vermelho cantando ao longe  calmamente. As árvores param e fazem mimica de escutar.)

   Árvore- Ela não sabe de nada ...

  Árvore- Ela não sabe que o lobo fugiu!

3 ª  Árvore- Ela não sabe de nada!

1ª Árvore– Coitadinha!(  Murmúrio aflito de árvore.)

Todas- Psiuuuuuu....Aí    vem ela...                                                                                                                                                                        Árvores- ( Muito orgulhosas) Nem tanto...

Chapeuzinho- A mangueira    está   carregada de  mangas.( A mangueira sorrir  com satisfação) Amanha virei apanhar um cesto cheinho  para levar para a vovó...E a jaqueira tão bonita! (jaqueira se anima toda). Esse coqueiro está meio nanico.... (Encosta a mão no coqueiro que sente Córsega e ri alto) Eu  acho   que ele precisa é de um pouco d’água.(sai e volta com um regador molhando o coqueiro que sente satisfação e diz)  Que frio!

Árvores- Que frio...

Chapeuzinho-( Passeia um pouco mais na floresta, cantando baixinho a até que vem  para o proscênio e se espreguiça bocejando. As árvores fazem o mesmo gesto. Procura um lugar, deita-se perto da Jaqueira. As árvores voltam silenciosas ás suas posições. Passa o lobo olha para trás e desaparece p elo outro lado. Aparece o caçador no mesmo ritmo, de espingarda em punho. As árvores balançam as mãos alegres. O caçador desaparece do outro lado. Repete-se     esta perseguição umas quatro vezes, sempre num ritmo   cada vez mais apressado.  Assim que desaparece o caçador pela última vez, o tambor   para bruscamente. O lobo volta sozinho.)  

Lobo- Uf!  Desta escapei!  O bobo do caçador está crente que eu fui  para o outro lado do  rio...ah!... ah! ... ah!... enganei-o direitinho.(Sente  cheiro)  Que  cheiro bom! Que cheiro gostoso...(Procura de onde vem o  cheiro.)

  Árvore- A cestinha!

1 ª  Árvore- A cestinha!

As outras- A cestinha!

Lobo -  Que cheiro apetitoso...Oh!(Dá com a cesta.)

3ª Árvore-  Ele viu!

  e  2ª Árvores– Ele viu!

Todas- Oh!

Lobo- Uma cestinha  cheia de petiscos! Quem será o dono destas guloseimas? Se for o caçador da floresta  ( as árvores baixam os braços aflitas)  eu desapareço.(   As árvores levantam os braços bruscamente) Se for o guarda do Jardim Zoológico (  árvores  descem braços) Mas se for da menina do Chapeuzinho Vermelho...bem...eu...( lambe os beiços) eu...faço...0h!( dá com a menina)Lá está ela dormindo...que gracinha, meu Deus! Que coisinha mais  bonitinha...Que delicia vai ser comê-la com batatas fritas e  batida de maracujá. Mas é preciso primeiro não assustá-la...Deixe-me ver ...(Fica pensativo)E torna a  voltar  com mascara de cordeirinho!(Sai e torna a volta  com a máscara de cordeirinho; imita-o)Meee...Meee...Não...tive outra idéia.(Torna a sair. As árvores abaixam os braços   e olham curiosas na direção em que o lobo saiu. Quando ele  volta , levantam  os braços.  O  lobo aparece vestido de velho,barbas longas, chapéu de palha.)!

Lobo-E  se eu aparecer fingindo que sou um velhinho! Uma esmolinha  pelo amor de Deus( Tirando o disfarce  ) Não...tive outra idéia.(Sai. Ás árvores.)

Árvores- Malvado! Cinico!

Troncos- Fingido!

Árvores- Vira-lata! Bobo! Facínora! Antropófago!  Prepotente! etc...

Lobo- ( Vestido de anjo) Quem sabe  é melhor ela pensar que eu sou um anjo vinho do céu? ( Dá uma volta entre as arvores, tropeça no tronco e leva um bruto tombo. As árvores     dão uma gargalhada. O  lobo saí.)

2ª Árvore- Com anjo não se brinca.

3ª Árvore- O céu pode  castigar .

Tronco- Bem feito!

Lobo-(Entra correndo e dirige-se a plateia)  Vou  fingir  que sou eu mesmo mas...bonzinho...Isto mesmo. Não    menina que resista a um lobo mau fantasiado de  bonzinho...e que sofre...ah!ah!ah!...(Deita-se no chão com ares de sofredor)  Ai...ai...ai...

Chapeuzinho- Levantando-se alguém está gemendo...

Lobo- Ai...ai...ai..

Chapeuzinho- Que gemido triste, meu Deus...

Lobo- Ai.. .ai...ai..

Chapeuzinho- Alguém deve estar precisando de ajuda. ( As árvores fazem que não com a cabeça.)

Lobo- Ai...ai...ai...

Chapeuzinho- (Dando com o lobo) Um lobo caído no chão! Que gemido triste, meu Deus...

Lobo- Ai...ai...ai...

Chapeuzinho-Será o lobo mau? (Árvores fazem sim.)

Lobo- Ai...ai...ai..

Chapeuzinho- Lobo mau não geme assim...come logo a gente!

Lobo- Ai...ai...ai..

Chapeuzinho- Não pode se ele... deve  ser outro...O Sr. é o Lobo Mau?(Árvores  fazem que sim.)

Lobo-( Com voz rouca) Sou lobo bom...

Chapeuzinho- Ah!  Bem... ( Faz um sinal da cruz) Eu  estava  achando mesmo que   não podia    ser o lobo mau... O que é que  o Sr. tem?      

Lobo- Machuquei a minha patinha, e mal posso caminhar.

Chapeuzinho- Coitado... Quer que eu ... ( Lembrando-se) já iam me esquecendo...não posso ficar sem máscaras, não devo conversar com ninguém...(pega a  sua  cesta) Até logo, seu Lobo Bom...

Lobo- (Lamentoso) Ai...pobre de  mim. Ninguém vem   conversar comigo. Fui atacado pelo  lobo mau. Eu estava apanhando flores quando aquele bruto apareceu.

Chapeuzinho- Oh! Que horror! ( Pausa) como  é que ele poderia  atacar o Sr. se ele   está preso no Jardim Zoológico? Que gemido triste, meu Deus...

Lobo- Fugiu, menina,  fugiu...

Chapeuzinho- Oh!  Que  perigo! Mas Sr. Lobo como é que o Lobo mau vai  atacar o Sr. que é lobo também? Vocês não são irmãos? A vovó  disse que um lobo não come  outro lobo...Nem gente come outra gente. Que gemido triste, meu Deus... ( Durante este diálogo as árvores lentamente vão se afastando para o fundo do palco formando uma, espécie de clareira onde Chapeuzinho e o lobo se  movimentam.)

Lobo- Mas nós não somos irmãos... não...somos...primos longe...Eu sou o  primo pobre. Ele  tem uma raiva louca de mim.

Chapeuzinho- Por que?

 Lobo- Porque eu estou ficando em casa na Pandemia para evitar o contágio do vírus mas ele não entende e não para quieto. Além disso, eu  sou bonzinho e gosto de brincar com os  cordeirinhos.

Árvores- Mentiroso...

Chapeuzinho- (Na dúvida) Sinto muito não poder ficar mais um pouco  com o senhor, mas  é que  a vovó está sozinha  e preciso levar minha cestinha  para ela e orienta ela sobre o Coronavirus.( Ela se encaminha para fora. O lobo finge está chorando.)

 Chapeuzinho- É isso mesmo... .lobo é sempre  lobo...Eu tenho que ir embora....Já esta escurecendo....a vovozinha esta me esperando,  coitadinha...( Vai saindo.)

Lobo- Ai....ai....ai... a sua vovozinha que é feliz de receber visita...(Outo tom)Ela mora muito longe?

Chapeuzinho- Mora na virada da segunda  curva, depois da mangueira grande.

Lobo-  Ah!  Na virada da segunda  curva, depois da mangueira grande ...sei...sei...E ela esta mesmo  sozinha?

 Chapeuzinho- Eu tenho que ir embora....Já esta escurecendo....a vovozinha esta me esperando,  coitadinha...( Vai saindo.)

Lobo- Coitadinha. Você deve mesmo ir logo.

Chapeuzinho- Adeus seu lobo bom. Você foi o primeiro lobo bom que eu encontrei.

Lobo- Adeus menininha. Você foi a primeira menina bonitinha e  engraçadinha (Vai se aproximando).

Chapeuzinho- Oh! Senhor lobo...

Lobo- Coitadinha. (Triste)  Um lobo é sempre um lobo...

Chapeuzinho- Então adeus, preciso  ir depressa... (A menina sai.).

Lobo- Chapeuzinho Vermelho! Chapeuzinho Vermelho!...vem  cá...(Ela volta) Você tem  coragem  de ir por  este caminho?

Lobo-  Ainda bem que sou  seu amigo para lhe avisar...

Chapeuzinho- Avisar o quê?

Lobo- É justamente por ali  que se acha o meu primo longe...

Chapeuzinho- O lobo mau?

Lobo- É justamente. Está lá à espreita dos pobres cordeirinhos  que passam... Só ontem  comeu duas dúzias de passarinhos. Você quer encontra-los?

Chapeuzinho-Não, senhor lobo, não... senhor lobo bom...

Lobo- (Para o público) Já estou perdendo a paciência ...Afinal um lobo é sempre um lobo!...O quê?

Chapeuzinho-( Notando  que o lobo está de pé) Ué...o  senhor já esta bom?           

Lobo-(Caindo de novo)Não...ai...ai...é que quis salvá-la das mãos daquele facínora...daquele malvado...daquele...

Chapeuzinho-Não faça tanto esforço não senhor lobo...

Lobo-Quero lhe ensinar um atalho para chegar à casa de sua avó sem  perigo algum.

Chapeuzinho-  Existe álbum caminho mais curto para chegar a casa da vovó?

 Lobo- Um caminho que eu só ensino a meus amigos...

Chapeuzinho- Bondade sua, Sr. Lobo.

Lobo- Olhe. Você vai por ali, até encontrar um pé de tangerina. Depois dobre para onde o sol se põe, até chegar ao mamoeiro. Lá é só seguir que encontrará a casa de sua avó.

Chapeuzinho-  Até o pé de tangerina, depois dobro para onde o sol nasce.. 

Lobo- O sol se põe...

Chapeuzinho-É isto mesmo, para  onde o sol se põe, até o mamoeiro...

Lobo-E chegará muito mais depressa..

Chapeuzinho- Adeus, lobo bom. Muito obrigada... (Sai)

Lobo-Adeus, menininha... ( Levantando-se e mudando de tom e de atitudes)até breve...Vá  direitinho meu benzinho. Caiu que nem um patinho. Ah! Ah! Ah!  Ah! Ensinei a ela o caminho mais comprido... Enquanto andar procurando o pé de tangerina, já estarei há muito com a velhinha no papo...minha. Sou formidável....Farei farofa de ovo e comerei a vovozinha frita no azeite...  o Chapeuzinho, tão fofinha ,  será minha sobremesa...Ah! Ah! Ah! Ah!  (Entra a coelha.)  

Coelha-(Interrompendo o lobo que ainda ri)  Com licença o Sr. vi por ai o meu marido, o  coelho?

 Lobo- O quê?

Lobo-(Fazendo caras   horrorosas)A senhora coelha sabe com quem está falando?

Coelha-(Sem se impressionar) Não viu não?...Obrigada... (Sai suspirando forte)ai...ai...

Lobo-Como? Então esta coelha não teve medo de mim? Não viu logo que eu sou o lobo mau?(Desconfiado, ele tira um espelho do bolso) Será que estou ficando com cara de bom? (Faz caretas horrorosas no espelho com gestos e passos; amedronta-se ) Ui! Com esta cara de mau ninguém  pode...a coelha deve estar biruta...continuando cada vez pior...(Cantando) eu sou o lobo mau...lobo mau...lobo mau...misturo as criancinhas   no meu prato de mingau...(Neste momento   o tronco, perdendo a paciência, levanta-se e dá um pontapé no lobo que assustadíssimo sai correndo; o tronco e as árvores dirigem-se para onde o lobo saiu.)

1ª Árvore- O lobo vai chegar primeiro e vai  comer a velhinha!

3ª Árvore- Coitadinha!

2ª e 1ª Árvores- E quando a menina entrar!

1ª Árvore- Que horror!

Todas-Ele  acaba o jantar!

Todas- Mas  que dor!(Ouve-se o ritmo do caçador.)

Todas- O caçador! (Voltam todas  ás suas posições.)

( O  caçador entra cantando “Eu sou o caçador da floresta”, passa glorioso  entre as árvores cantando com o coro das árvores que movem os galhos de alegria. O pano se fecha enquanto o caçador  continua cantando no proscênio.)

Caçador-Vocês viram por aqui um lobo muito fingido  e feio?(Espera a resposta) Viram?   Ah! Então  lá vou eu também...Ainda pego este bichão!(Sai. Sempre acompanhados pelo seu ritmo característico, passam a Coelha, as fadas  e Chapeuzinho cantando. Finalmente passa a mãe chamando pelo caçador.) (  Fecham se as cortinas)

 

Terceira Cena

 

( É  a mesma casinha do 1º ato vista por dentro(biombo). É  o interior da casa da vovozinha que dorme numa cadeira de balanço. Um baú de folha, o retrato do vovozinho na parede com flores. Fora, a mesma floresta. As árvores, pé ante pé, se aproximam da casa formando fila indiana.)

1ª Árvore-(Da janela) Daqui não se vê nada...

Todas- Oh!

3ª Árvore-( As árvores se reúnem e comentam) Vai acontecer tanta coisa,  e nós vamos perder!

2ª Árvore- Eu queria tanto ver!

1ª Árvore-(Dirigindo-se para o proscênio em frente a casinha da vovó) Só se nós ficássemos aqui...

Todas- Boa ideia  ,boa  ideia (  Vão se colocando.)

3ª Árvore- Daqui poderemos ver tudo sem atrapalhar ninguém...

2ª Árvore-  Estou tão nervosa!

 1ª e 3ª    Árvores- Eu também! Eu Também!       

2ª Árvore-Eu também! Que horror!  Quem chegará  primeiro?

  Árvore- Deve ser o Anjo!

3ª Árvore-Aposto que é a Coelha!

1ª Árvore- Psiu, Vem gente. (  Chega a Coelha  que para no centro do palco, olha para todos os lados, depois espia para dentro da casa da vovozinha pela janela, procura e sai por trás da  casa.)

Anjo -(Ainda fora de cena)  O xarope! O xarope! (Entra em casa  e pega o xarope) Vovó! Vovozinha! Dona  Zefinha! Como é difícil cuidar de gente surda! Não quero parecer um anjo  sem educação, mas é preciso...Não gosto de gritar com ninguém... Dona Zefinha! ... Dona Zefinha!...(Para Platéia) Querem nos ajudar?

Árvores- Dona Zefinha...Dona Zefinha...( Anjo senta-se no baú e reage animadamente os gritos da plateia com a colher de  pau.)

Vovó-(Acordando) Oh! Sonhei que ouvia todos os anjos do céu cantando...

Anjo- Anjinhos, sim.  Se não fossem  estes  meninos   nem sei como haveria de acordar a senhora...

Vovó- O quê?

Anjo-(Servindo o xarope) Nada, vovó; está  na   hora do seu xarope.

Vovó- Não quero mais remédio, (Bebe fazendo careta.) o que  eu quero é ir visitar a minha netinha...

Anjo- (Gritando) Não precisa  ir visita-la, dona   Zefinha, pois ela já vem ai...(Saí pra  dentro da casa.)       

Vovó- Preciso passear um pouco. Vou colocar minha máscara.

Anjo-(Entrando) Nem adianta colocar a máscara, não vai sair para lugar nenhum. Fica ai quietinha que vou dar uma volta. 

Anjo- Dorme mais um pouco que sua filha  vem aí ...(Começa a balançar a cadeira cantando “Ô Minas Gerais...”A vovozinha continua a cantar, ‘ O mina Gerais ...”Quem te conhece não esquece jamais. Ó Minas Gerais”. Vai adormecendo e ainda canta” Ó Minas Gerais’, e adormece o lobo aparece na janela e diz:)

Lobo- “Quem te conhece não quer te ver mais”... Ah! Ah! Ah! Lá esta ela bem sentadinha na  cadeira ... Estou na dúvida!  Comerei a velhinha com batatinhas em volta, ou frita no óleo de peroba? Oh!   Que dúvida1(Olhando para o lado da floresta) Quando chegar a menina, que ainda  custará uma boa meia hora...então... ai  que delicia!  Que sobremesa maravilhosa! Com bastante  suspiro  e creme de leite...Sorvetinho de brigadeiro com calda de chocolate. Não é possível,  que  perseguição ! (Esconde-se  por detrás das árvore )ai...esta árvore tem espinho...(Recebe outro beliscão) Outro espinho...(Sai e se esconde do outro lado atrás da cortina.)

Caçador- ( Bate a porta) Ó  de casa! (Torna a bater)  Dona Zefinha! Dona Zefinha

Vovó- Alguém chamou?

Caçador-(Entrando) Fui  eu , dona Zefinha, o caçador Pedro...sou caçador  da floresta...

Vovó- O vendedor da festa?  Senta, meu filho ...vou buscar um cafezinho pra refrescar um pouco.

Caçador-Não precisa não Dona Zefinha , quero só saber se não passou por aqui   um lobo muito peludo, muito magro, muito feio?..

Vovó-  O quê?

Caçador- Um  L-O-B-O!

Vovó-Ah! Bolo! O Sr..  prefere   café com bolo, não? Está bem, vou busca-lo... ( sai resmungando)Vendedor da festa...vendedor da festa...

Caçador- Não é isto não.  Oh! Não adianta insistir. Não tenho muito tempo a perder. O bichão deve estar por aqui e um caçador que se preza não deixa escapara um malvado assim á toa. Esta senhora está em perigo. Ela precisa de mim. (Ritmos do caçador quando ele sai) Como cansa ser herói! (Sai  de cena.)

Lobo-(Aproveitando o ritmo do caçador, entra em cena) Como cansa ser bandido! Ah! Ah! Ah!...(Entra na casa, examina um pouco e quando pressente a velhinha voltando, põe  apressadamente  o chapéu do caçador na cabeça.)!

Vovó-(Entrando) O bolo  já vem aí...(Ri; dá  xicara ao lobo e senta-se na cadeira) Pois é, meu filho, eu estava mesmo precisando de companhia...Fico tão sozinha aqui...mas você vende festa, é?...para que, hem?...

Lobo-(Percebendo que ela não notou a mudança) Para arranjar dinheiro para os pobrezinhos... (à parte) Ela nem notou a mudança. Além de surda não enxerga bem...está para mim...ah! ah! ah!

Vovó-( Notando que ele  ri, e que é feio) ? Já colocou a máscara foi? O  senhor  esta sentindo alguma coisa? Esta  com frio? Para que  tanta  roupa? Esta doente?

Lobo-(Matreiro) Estou doente, sim...

Vovó- Do dente coitado!

Lobo- Do dente, não, doente da alma...

Vovó- Calma... É preciso mesmo muita calma,  Sr.  vendedor...

Lobo- Não sou vendedor, sou caçador.

Vovó-Muita dor? Coitado...

Lobo- ( Perdendo a paciência) Não sou vendedor nem tenho dor nenhuma...sou  o lobo mau e vou comer a senhora agora mesmo...( Trepa no baú  e ameaça a vovó com caras horrorosas.)

Vovó- Coitadinho do  senhor...Imagino como essa dor o põe nervoso...Vou buscar   um chá de ervas que cura tudo...(O lobo rosna) Cura...cura tudo, até nervoso...(Da porta) É uma erva milagrosa que plantei na minha horta...(sai) Feio este vendedor meu Deus. Parece o finado compadre Gervásio.  ( A vovozinha fica meio perdida no meio do palco Iii...este caminho está comprido hoje ...acho que  estou ficando ceguinha...já nem conheço mais a  estrada...(Entra a coelha e encontra-a no meio do palco.)

Coelha- A senhora viu por aí o meu marido o coelho?

Vovó- O quê? (A  coelha  repete a pergunta  mas somente com a mimica   de boca, sem som algum. A vovó também responde   somente com a mimica de  boca,  e depois   diz: Vi! Vi sim... ( E sai rindo dirigindo-se  para a beira do proscênio. As árvores, quando  veem  que ela vai cair, seguram-na  pelo braço e atravessam o palco, guiando-a. Vovó quando passa  pela coelha que esta estatelada  no meio da cena Vi...vi sim...(Desaparece, rindo, com as árvores; a coelha, alegre,  tenta segui-las mas depois,   desanimada volta por onde saiu.)

Lobo- Esta velha surda da me põe maluco! Vou espera-la aqui detrás da porta e vou  comê-la de uma vez, que minha barriga   já está roncando de fome..(Ouve-se o canto  da menina. O lobo vai  até a janela) Ora bola, lá vem a menina! Que diabo,  não gosto de comer sobremesa depois antes do almoço... Tenho que me disfarçar. Esta menina é tão bobinha!...é  de família...vai ser fácil.(Enquanto fala abre o baú de folha e tira  um chalé da vovozinha, a touca e os óculos, veste-os e se mete debaixo da coberta, sentando-se na cadeira. Chapeuzinho se aproxima e para na janela.

Chapeuzinho- (Da janela) Vovó... Vovozinha!...

Lobo- (Com voz grossa) O que  é, minha netinha?

Chapeuzinho- ( Ainda da janela) Vovó que voz tão grossa!

Lobo- Você acha?

Chapeuzinho- Sim. Vovó a Senhora  está cumprindo todos os protocolos para evitar o Coronavírus?

Lobo- Sim. Comigo o Coronavirus não terá vez.

Chapeuzinho- Muito bem vovó fico feliz por a senhora está se protegendo contra a Pandemia! Mas  a sua voz está muito grossa!

Lobo- Foi que peguei um resfriado na voz...

 Chapeuzinho- Na voz?...

Lobo- É na voz, na barriga, no pé... ora, um resfriado inteiro...(Com voz grossa)

Chapeuzinho- Coitadinha da minha vovó... e  ainda por cima a solidão , não  é?

 Lobo- (Com voz grossa) E ainda por cima a  fome...(Voltando ao falsete) E ainda por cima o reumatismo.

 Chapeuzinho- Trouxe ovos, beiju, rapadura, doce de banana e queijo da região  para a senhora...Minha mãe mandou também máscaras e álcool em gel para a senhora passar nas mãos. (Enquanto fala, vai arrumando a coberta do lobo) Vovó... que  pele  é essa tão escura?

Lobo- A natureza, minha netinha... ( no falsete)  frio...muito frio...

Chapeuzinho- A vovó está tão esquisita hoje...

Lobo- Chega mais para  perto, filhinha, que eu quero te cheirar...

Chapeuzinho- Me cheirar?O seu olfato está bom então ne?Menos um sintoma do coronavirus.

Lobo- Cheirar o queijo, ora!Não estou com esse vírus não, menina!

Chapeuzinho- (Falando bem alto) Mamãe mandou um  recado...Ela disse que só vem amanhã porque tem que acabar o bolo de tapioca  que a senhora adora ...

Lobo-( Gritando) Não precisa gritar tanto, que não sou surdo!

Chapeuzinho- (Em tom normal) Ó vovó, então a senhora não é surda?

Lobo- (Em tom normal) Claro que sou, minha netinha...(Gritando) Mas é deste ouvido aqui, eu já estou ouvindo...

Chapeuzinho- (Gritando) Mas não precisa gritar tanto que eu não sou surda...

Lobo- (Abaixando a voz imediatamente) É mesmo, você não é surda...Então sua mãe vem amanhã?

Chapeuzinho- Vem sim...

Lobo- Mais uma almoço garantido, oba!

Chapeuzinho- Acho que a vovó  está sofrendo da bola...Vovó a sua máscara esta muito feia!

Lobo- (Se irritando) Não é da sua conta!

Chapeuzinho- Desculpa Vovó (Dá uma volta em torno da cadeira, observando-a) Vo-vóóóó...Por que a senhora tem essa orelha tão grande?

Lobo- É pra te escutar, minha netinha.

Chapeuzinho- Oh! E por que a senhora tem esse  olho tão grande vovozinha?

Lobo- É pra te olhar...

Chapeuzinho- Oh!...e   por  que a senhora tem esse nariz tão grande?

Lobo- É   pra te cheirar...

Chapeuzinho- (Quase chorando) Oh! e...e...para que a senhora tem esta boca tão grande, tão  grande...hem, vovozinha?

Lobo- É  pra te comer...

Chapeuzinho- Oh! Meu Deus, minha Nossa Senhora, estou muito  desconfiada que esta não é a minha vovó.(Ouve-se o ritmo do caçador. O Lobo se levanta) O lobo mau!

Lobo- Em carne e osso! Estou  perdido...Lá vem o caçador. Entra depressa neste quarto, menina, enquanto   tapeio esse caçador.( Fecha a menina  no quarto e torna a voltar para a cadeira.)

Caçador- (Da janela) Ó de casa! Ah! Tinha me esquecido  que a velhinha é surda...Boa tarde, dona Quinquinhas. A senhora viu por acaso  passar por aqui o Lobo Mau?

Lobo- Não,  não passou não. Ou melhor, passou sim. Passou e fugiu na direção do limoeiro...

Caçador-  Limoeiro?(Entra.)

Lobo- Estou com tanto medo, seu caçador...Será que o senhor seria capaz de pegá-lo?

Caçador-  quem? Eu? Ora, dona  Zefinha então à senhora não sabe que eu sou o quase  famoso Pedro Pirlimplimplim, filho  do já famoso lenhador Pedro Porlomplomplom? Aquele lobo  é canja pra mim...Pode ficar certa, minha  senhora(acaricia a cabeça  do lobo, que   faz trejeitos) que enquanto esta floresta  estiver aos cuidados do caçador  Pedro Pirlimplimplim, a senhora pode dormir em paz...(Faz que vai beijar a mão da vovozinha e dá com a  mão    do lobo) Então adeus, minha senhora. ( Os dois se entreolham por alguns instantes. Depois , num gesto  brusco, o caçador tira-lhe a  touca. O  lobo se levanta   e tira os óculos, chalé e manta de  cima de si. Os dois se põem em atitude de luta.)

 Caçador  -  O  lobo mau!  Comedor de crianças, ladrão de passarinhos... bandido.  (Depois de uma ligeira dancinha, lutam um pouco ao som de tambores e pratos etc. O caçador com uma corda amarra as mãos do lobo, que está sentado na cadeira, amordaça-o mas, quando  vai amarrar-lhe os pés, o lobo com as mãos amarradas dá um soco na cabeça do caçador  que cambaleia fazendo uma espécie de dancinha acompanhada de marimba e passarinhos  , até cair. O lobo se levanta e ainda de mordaça e as mãos amarradas sai da casa e dá com Tinoco que vem chegando assoviando e brincando.)

Anjo -  (Levando um bruto susto) Você  devorou a vovozinha?

Lobo  - (faz que sim.)                                                                           

Anjo – Você  devorou a  Chapeuzinho Vermelho?

Lobo – (Faz que sim)

 ( Anjo  começam  a chorar e o lobo foge para trás da casa. O Anjo   sempre chorando dá com a mãe, que vem chegando esbaforida, e sem poder falar, explica-lhe por mímica que o lobo  devorou a vovozinha e a Chapeuzinho Vermelho.)

Anjo  - (Chorando sempre) O lobo devorou  a vovozinha!

Mãe – (Chorando)  O lobo  devorou a minha filhinha!

(Repetem estas falas duas ou três vezes, quando chegam as árvores  com a vovozinha. As árvores param espantadas e começam a chorar fazendo coro.)

Vovó – (dando com a filha e Tinoco) Bolinho de tapioca!

Mãe – Vovozinha! Então o lobo não devorou a senhora!

Anjo- Dona  Zefinha conta tudo, o que aconteceu?

Vovó- queria tanto comer bolo de tapioca...Vamos, meus filhos, vamos todos que o senhor vendedor está nos esperando.

Anjo e Mãe – Senhor vendedor?

    (Neste momento o caçador volta a si, sentindo grande dor na cabeça)

Caçador – Como cansa ser herói... Onde está o bichão? Fugiu?  (Sai de casa e encontra os outros) Onde está o bichão?...

Mãe – Senhor caçador! Minha filhinha foi comida pelo lobo mau...

Caçador – Foi? Meus pêsames! Como?  Não é possível!

Vovó – Quer um pedacinho de bolo de tapioca?  Minha filha faz bolo de tapioca  como ninguém...

Caçador – Hei de encontrar aquele patife... Não fique mais ninguém nesta casa...Vamos procurar o celerado...Deve  estar por perto... (Distribui revolveres para Tinoco, vovó e mãe)  Se a menina do Chapeuzinho Vermelho, já está  fazendo a digestão... Vamos! (Saem em fila indiana, o caçador, a mãe, a vovozinha que não está entendendo nada, e Tinoco. Dão uma volta e saem pelo proscênio. A cena fica vazia. As árvores  se agrupam no meio do palco.)

2ª Árvore  - É incrível                                 

3ª Árvore –Magnífico!

 Árvores – Espetacular!

2 ª Árvore  - Impossível que este caçador  não tenha pegado o lobo!

1ª Árvore – E a menina?

3ª Árvore – Será que ele já engoliu a menina?

2ª Árvore – É incrível !

1ª e 3ª Árvores – Incrível, mas é verdade...

  (Ouve-se a voz da menina)

Chapeuzinho- socorro !socorro! Estou  presa....

 (As árvores  correm  para todos os lados como que avisando que a menina não morreu, enquanto falam.)

  Árvore – A menina....

2ª Árvore- A  menina....

  Árvore- A menina....

1ªÁrvore- A  menina  não morreu ....                             

3ªÁrvore-  A menina....

2ª Árvore- A menina...

Todas ( Entra o lobo e as árvores se agrupam novamente no meio  do palco, ficando estáticas.)

Lobo – ( Procurando  onde se esconder) Estou  frito!( Esconde-se   atrás das  árvores  que se entreolham e sussurram  um plano; depois três  de cada lado vão se  afastando até deixarem o lobo sozinho  no meio da cena  agachado e com o rosto nas mãos. Chegam  o caçador e os outros. As  árvores  murmuram  “Ali, ali” mostrando o lobo que se  julga coberto por elas. O caçador  faz “Psiuuu” e vai se aproximando devagar. Quando está bem perto , a vovozinha muito espantada diz)

Vovó-Está com frio meu filho? ( E bate nas costas  do lobo.)

(Este dá um salto e começa uma espécie de dança entre eles, inclusive  as árvores, como se o lobo  procurasse fugir e os outros não deixassem, dois passos  para um lado e dois para outro. Vovozinha pensa que eles querem  dançar e começa a marcar uma quadrilha, ao som de um acordeon que se ouve nesta momento. Todos dançam animadamente.)

 Vovó- Dois prá lá..... Dois prá cá..... 

( Ao som de uma pancada de tambor a música  cessa bruscamente e todos param, voltando à  posição de ataque, salvo a vovó que continua a dançar animadamente e se põe na frente do caçador.)

Chapéuzinho- (De dentro) Socorro! Socorro!

Todos (menos vovó) Chapeuzinho Vermelho!

Chapéuzinho -Socorro! (Todos  ficam pasmados, enquanto  a mãe entra na casa e abre a porta) Estou presa...

Mãe- Minha filha!

Chapéu- (Saindo) Mamãe! (Abraçam-se.)

Mãe-  Minha filha ! Deixa  eu ver  se  você está inteirinha.( Conta alto os dedos das mãos) Está  sim !  Que susto, minha filha! Venha  ver...(saem as duas. Chapeuzinho se assusta com o lobo.)

Chapéuzinho- O lobo mau!

Caçador- Não tem mais perigo algum!(puxa o lobo   pela coleira) Vamos seu malandro que você só serve  para   ser visto atrás das grades.( Sai  solenemente puxando o lobo  acompanhado pela vovozinha e por Chapeuzinho . Quando chegam  no proscênio o pano se fecha.)

CENA FINAL

 Tira-se  o cenário e as árvores  voltam às  suas primitivas posições da 2ª cena cena. A mãe senta-se num banquinho  perto do tronco fazendo tricô. As fadas brincam  pela floresta.

 Enquanto se faz essa mudança, no  proscênio , a  ação continua: O caçador puxa o lobo dizendo:

 Caçador  - Vamos , para o Jardim Zoológico!

  (Aparecem  no proscênio a vovozinha e chapeuzinho.)

 Vovó- Espera... Espera, seu vendedor  da festa...espera o cafezinho...

Lobo-Adeus, Dona  Zefinha ... Se a Srª. Precisar de um lobo vira-lata para cuidar da sua horta, é só me chamar no Jardim Zoológico.

 Caçador- Nada de conversa, seu lobo mau... Vamos! (Saem.)

 Coelha- ( Para o Lobo e o Caçador)Vocês viram por ai meu marido? O Coelho!

 Lobo- Esta coelha de novo!

Coelha- Não obrigada, estou  com pressa

Caçador- ( Puxa o lobo pela coleira) Vamos  logo para o Jardim Zoológico,

(Vovó  e  Chapeuzinho  as árvores cantam)

 Árvores -  Vamos passear pelo bosque, enquanto seu lobo não vem...

                  Vamos passear pelo bosque enquanto seu lobo não vem...

 (Chapeuzinho, mãe e vovó  atende ao convite do anjo  e todos  dançam . O pano se fecha e a  coelha passa pelo proscênio  em disparada.)

Coelha- Você viram  o coelho  meu marido?

 

CAI O PANO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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