domingo, 6 de abril de 2014

MINHA VIDA, MEU APALUSO

Fiz de minha vida um enorme palco
Sem atores, para a peça em cartaz
Sem ninguém para aplaudir este meu pranto
Que vai pingando e uma poça no palco se faz.
Palco triste é meu mundo desabitado
Solitário me apresenta como astro
Astro que chora, ri e se curva à derrota
E derrotado muito mais astro me faço.
Todo mundo reparou no meu olhar triste
Mas todo mundo estava cansado de ver isso
E todo mundo se esqueceu de minha estréia
Pois todo mundo tinha um outro compromisso.
Mas um dia meu palco, escuro, continuou
E muita gente curiosa veio me ver
Viram no palco um corpo já estendido
Eram meus fãs que vieram para me ver morrer.
Esta noite foi a noite em que virei astro
A multidão estava lá, atenta como eu queria.
Suspirei eterna e vitoriosamente
Pois ali o personagem nascia
E eu, ator do mundo, como minha solidão...
Morria!
Anderson Herzer