segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

É preciso democratizar a leitura em nosso país



     Vivemos em um país que reconquistou a democracia na década de 80, no entanto não podemos limitar o significado deste vocábulo apenas ao direito de votar, implica necessariamente outros direitos à população brasileira, como por exemplo, a leitura de bons livros.

     No Brasil, o livro circula de forma limitada, deficitária e claudicante, pois muitos brasileiros não têm acesso à leitura, a maioria apresenta sérias dificuldades para ler, no sentido mais amplo da palavra, que não se resume apenas em decodificar letras. Na luta pela sobrevivência e diante dos baixos salários que recebem, muitos brasileiros alegam que não dá para investir em livros, pois o salário mal completa as despesas básicas e além do mais acham que não sobraria tempo para lê-los.

     Diante disso, verifica-se que boa parte da população brasileira se restringe apenas aos meios de comunicações audiovisuais, certamente pela facilidade ou comodidade que os mesmos apresentam em oferecer-lhe informações. Todavia não podemos nos limitar a estas fontes, não que elas não sejam importantes o fato é que além delas existe uma de valor inestimável, que jamais poderá ser substituída ou relegada a segundo plano, chama-se o livro. Um legado antigo que durante a Idade Média fora guardado e trancafiado nas bibliotecas da Igreja, como por exemplo, no filme “O Nome da Rosa” de Umberto Eco, já que o livro era considerado uma arma que fazia o homem pensar, incitando-o a questionar e inquietar-se.

     O livro assim como o rádio, a televisão e a internet também pode levar o leitor a viajar no túnel do tempo, a quebrar fronteiras e conhecer diversas partes do mundo sem sair de casa. Isso tudo graças à imaginação, um elemento mágico e natural a todo ser humano. Mas, para isso, é preciso primeiro que o indivíduo se alce à condição de leitor.

     É lamentável que hoje no Brasil muitos não vejam o livro como uma fonte inesgotável de sabedoria, um meio para entender melhor o porquê de tanta desigualdade social. Um meio de não se proliferar tanto a clientela de programas assistencialistas.

     É inadmissível saber que milhares de brasileiros nunca leram uma obra de Machado de Assis, Graciliano Ramos, Jorge Amado e outros grandes escritores e consequentemente ver que boa parte da população do Brasil vive numa situação parecida com a de Sinhá Vitória, uma das personagens femininas mais famosas da Literatura Brasileira que sonha com uma cama de lastro-de-couro,uma metáfora na verdade de uma vida melhor,sem tantas privações.

     A ignorância, de fato, é a mãe da maioria dos nossos males, e o Brasil só vai conseguir amenizar o problema da desigualdade social a partir do momento que disseminar a cultura do livro para a população, ou melhor, democratizar uma educação de qualidade, onde a leitura seja o elemento axial desta empreitada.
Enfim, só quem pratica uma ligação íntima com os livros é capaz de perceber quanta sabedoria eles trazem em cada assunto que abordam ou narram. Um instrumento capaz de transformar vidas. Um universo que muitos ainda não sabem explorar, mas quem já o conhece não se aparta dele.


Nadiolan Lima da Silva Ribeiro,
professora de Língua Portuguesa da rede estadual de ensino,licenciada em Letras pela UNEB,Campus IV e especialista em Gramática pela UEFS.
Endereço eletrônico: naidinha1@bol.com.br

http://www.pucrs.br/mj/artigo-54.php

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